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Estresse, pra que?


A definição do Google para estresse é perfeita para casos agudos ou em seu começo: "Estado gerado pela percepção de estímulos que provocam excitação emocional e, ao perturbarem a homeostasia, levam o organismo a disparar um processo de adaptação caracterizado pelo aumento da secreção de adrenalina, com várias consequências sistêmicas".

Ela é perfeita porque é para isso que o estresse serve, para ser uma resposta aguda que visa a preservação da vida em situações de crise ou perigo eminente.

No entanto, algumas pessoas serão naturalmente mais suscetíveis aos seus efeitos, produzindo reações a mais longo prazo, gerando mais dano do que proteção. Estas são, no geral, pessoas mais ansiosas e impulsivas. Mas, além das questões estruturais de personalidade, há que se considerar aspectos de desequilíbrio decorrentes de vícios, alimentação equivocada, sedentarismo, excesso de peso, distúrbios do sono, relações tóxicas, ambiente desafiador, etc.

Por incrível que pareça, muitas pessoas têm dificuldade em identificar seu estado de estresse quando crônico. Numa crise aguda as coisas tendem a ficar mais evidentes porque há o aumento da pressão sanguínea, do ritmo cardíaco e respiratório, da secreção de hormônios e neurotransmissores, ou seja, o estresse agudo pode ser percebido e medido fisicamente, além da percepção subjetiva de seus efeitos na rotina de uma pessoa. Mas quando o estresse é crônico e insidioso, é muito fácil só percebê-lo quando em estágio avançado, com sintomas desconfortáveis já estabelecidos. É mais ou menos como ocorre com o crescimento do nosso cabelo. Nós não percebemos porque ele cresce muito pouco a cada dia, mas quem não nos vê há algum tempo logo dispara: "Nossa, como seu cabelo cresceu!". E de repente alguém nos diz: "Nossa, como você está abatido!".

Sim, porque a reação de estresse é um sinal de alerta disparado para que façamos algo para mudar a situação e não para nos adaptarmos, passando a viver com ela. Quando o estresse se torna crônico, se transforma em estafa, que é o esgotamento da energia vital, que foi desviada das funções fisiológicas para sustentar a submissão ao estado de alerta, o que pode gerar uma infinidade de sintomas.

Hoje é praticamente impossível receber algum paciente no consultório, seja por qual queixa for, que não tenha o estresse associado ou até como fator causal do seu desequilíbrio. Pesquisas recentes chegam a números próximos a 90%. E o pior é que a maciça maioria das pessoas está consciente dos reflexos negativos do estresse em sua vida e até das formas de como evitá-lo ou minimizá-lo.

Mas, mesma assim, a praga grassa. Por que será?

O estresse não se resume às condições da agitada vida moderna. Este termo foi cunhado em inglês pela primeira vez por um neurologista de Nova York, George Beard, como uma disfunção do sistema nervoso gerada por fatores de hiperestimulação ou hipervigilância por parte do indivíduo, como eventos climáticos severos, excesso de trabalho, ritmo acelerado, ansiedade, pressões familiares ou sociais, etc. O famoso processo adaptativo de lutar ou fugir diante de um perigo à vida, se descaracterizou. Não somos mais devorados por uma fera externa, mas nos devoramos a nós mesmos num ouroboros insano, símbolo da mitologia com uma cobra comendo o próprio rabo, representando um processo sem fim.

E o processo já nem é mais adaptativo, pois diante de uma fera urbana, como um assaltante, temos que ser racionais, manter a calma e evitar movimentos bruscos ou intempestivos para preservar a nossa vida.

Ok, mas o que fazer então?

A primeira e mais importante coisa a se fazer é uma avaliação honesta e minuciosa da própria rotina identificando e eliminando os elementos gatilho que disparam e mantém desnecessariamente ligado o sistema de alerta do corpo. Em segundo lugar há que reduzir e reparar os danos causados ao corpo. Para isto a acupuntura é uma excelente aliada, pois, além de reduzi-los, ainda auxilia a reeducar a energia vital em busca de um equilíbrio fisiológico e energético geral. Em terceiro lugar, há que se criar rotinas mais saudáveis e desenvolver a capacidade de diagnosticar precocemente a entrada num novo ciclo autodestrutivo de estresse. Isto é possível com acompanhamento multiprofissional, com nutricionistas, psicólogos, professores de atividade física e o que mais se fizer necessário para que o equilíbrio volte para ficar!

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