O exame palpatório em acupuntura
Já está comprovado cientificamente que as pessoas mentem para seus médicos por vergonha de sua consciente e deliberada falta de autocuidado. Dizem que fazem mais ginástica do que efetivamente fazem, que comem menos do que na realidade, que bebem menor quantidade de álcool ou que fumam menos cigarros do que de fato acontece.
Estas pessoas são bem informadas, sabem o que faz bem ou mal, pesquisam de tudo no Dr Google e, mesmo assim, optam pelo caminho mais curto, pelo mais gostoso, pelo que as faz supostamente serem mais aceitas socialmente.
Não falamos aqui de questões morais, demonizando os pecados capitais, tal qual a preguiça, a gula e a vaidade. Questionamos o método usado para se fazer escolhas na vida e o comportamento diante da possibilidade de receber auxílio profissional para seus problemas.
Por exemplo, as adolescentes não engravidam precocemente por falta de informação sobre o funcionamento dos órgãos reprodutores ou dos métodos contraceptivos; os fumantes não desconhecem os malefícios causados pelo cigarro nem as altas taxas de mortalidade envolvidas; os bebedores compulsivos estão cientes da baixa em seus reflexos quando assumem o volante.
Mas, o que faz com que estas pessoas façam escolhas erradas e comprometam a sua qualidade e quantidade de vida.
Por muito tempo houve uma forçada dicotomia entre o pensamento oriental e o ocidental, resumido exageradamente entre o binômio Ser x Ter. O ocidente consumista era representado pelo foco no ter como regra de ascensão social. Já o oriente espiritualista (ou comunista) pelo foco no ser, por escolha ou pela falta desta.
Hoje, na era da comunicação globalizante, esta divisão deu lugar a um elo unificador que é o Parecer.
O importante é parecer bonito, parecer feliz, parecer moderno, parecer bem informado e, por que não dizer, parecer saudável e consciente. Até mesmo diante do médico ou outro profissional da saúde, onde deveria se desnudar para receber a ajuda mais adequada ao seu caso. É bem verdade que há vários exames clínicos e laboratoriais que auxiliam a enxergar o que se passa por dentro daquela pessoa, mas estes métodos, no geral, são caros, demorados e podem ser sofridos e apresentar algumas limitações.
Ai como fica a "aparência interna", ou seja, a situação em que se encontram os órgãos e vísceras, a energia vital, ou ainda o emocional? Como ficam a vida e as perspectivas futuras desta pessoa?
Um acupunturista treinado é capaz de verificar estas valiosas informações por meio da observação de características físicas e do exame palpatório dos pontos de alarme distribuídos pelo corpo, principalmente no pulso e no abdome.
Eu já me deparei várias vezes com situações em que a pessoa relata uma alimentação saudável e os pontos do fígado estão gritando ou que não é estressada e se encontra toda enrijecida com o pulso a mil.
Na verdade, este é a meu ver, o ponto mais forte da medicina oriental frente a outras modalidades, dada a possibilidade de se fazer um exame imediato e objetivo da condição do paciente que independe daquilo que ele diz ou mostra. A verdade está lá, ao alcance dos dedos do terapeuta, pronta para ser transformada a partir de uma boa conversa com o aconselhamento para novas e mais saudáveis condutas e modificada pela ação de abordagens terapêuticas consagradas com o uso de agulhas de aço finíssimas e descartáveis (acupuntura), pela queima de chumaços de uma erva (moxabustão), pela sucção em pontos específicos de tensão (ventosaterapia) entre outras tantas eficientes técnicas.
Não está com coragem de falar a verdade para seu médico ou terapeuta? Busque um acupunturista bem treinado.
Não é a toa que tantos imigrantes chineses, japoneses ou coreanos conseguiram firmar sua prática com grande sucesso em territórios onde não falam sequer uma palavra do idioma. Ele é desnecessário, quando quem fala é o corpo.